terça-feira, 27 de julho de 2010

Culturas, histórias e lendas.

Africanas Raízes - Imagem Oxalá Africanas Raízes - Imagem Oxalá
OXALÁ.
Muitas são suas lendas e extensa é sua origem e história na África,
matéria destinada aos estudiosos e mais aprofundados na religião.
Sendo os mais cultuados no Brasil, Oxalufon "o velho" e
Oxaguian "o moço" na sua forma "guerreira" de Oxalá
que carrega uma espada, cheio de vigor e nobreza,
seu templo principal é em Ejigbo, onde ostenta o título de Eléèjìgbó,
Rei de Ejigbo. Na condição de velho e sábio, curvado ao peso dos anos,
figura nobre e bondosa, carrega uma cajado em que se apoia,
o Opaxoro, cajado de forte simbologia, utilizado para separação
do Orun e o Ayié. No Brasil é o mais venerável e o mais venerado,
sua cor é o branco, seu dia a Sexta-feira, motivo pelo qual
os candomblecistas em geral usam roupa branca na Sexta-feira
e na virada do ano, num claro respeito e devoção a Oxalá.
Sua maior festa é uma cerimônia chamada "Águas de Oxalá"
que diz respeito a sua lenda dos sete anos de encarceramento,
culminando com a cerimônia do "Pilão de Oxaguian",
para festejar a volta do pai. Esse respeito advém da sua condição
delegada por Olorun, da criação e governo da humanidade.

Africanas Raízes - Imagem Ogum Africanas Raízes - Imagem Ogum

OGUM

Uma história de Ifá, explica como o número 7 foi relacionado
a Ogún e o número 9 a Oyá.
"Oyá era a companheira de Ogún antes de se tornar a mulher de Xangô.
Ela ajudava o deus dos ferreiros no seu trabalho;
carregava docilmente seus instrumentos, da casa à oficina,
e aí ela manejava o fole para ativar o fogo da forja.
Um dia, Ogún ofereceu à Oyá uma vara de ferro,
semelhante a uma de sua propriedade, e que tinha o dom de dividir
em sete partes os homens e em nove as mulheres
que por ela fossem tocados no decorrer de uma briga.
Xangô gostava de vir sentar-se à forja a fim de apreciar Ogún
bater o ferro e, frequentemente, lançava olhares a Oyá;
esta, por seu lado, também o olhava furtivamente.
Xangô era muito elegante, seus cabelos eram trançados
e usava brincos, colares e pulseiras.
Sua imponência e seu poder impressionaram Oyá.
Aconteceu, então, o que era de esperar: um belo dia, ela fugiu com ele.
Ogún lançou-se à sua perseguição,
encontrou os fugitivos e brandiu sua vara mágica.
Oyá fez o mesmo e eles se tocaram ao mesmo tempo.
E, assim, Ogún foi dividido em sete partes e Oyá, em nove,
recebendo ele o nome de Ogún Mejé e ela o de Yansã,
cuja origem vem de Iyámésan - 'a mãe (transformada em) nove'."
Africanas Raízes -  - Lenda Oxumaré Africanas Raízes - Lenda Oxumaré
OXUMARÉ
Nanã, obcecada pela idéia de ter um filho de oxalá,
concebeu o primogênito obaluaiye que, por sua terrível aparência,
foi desprezado por ela. Nanã consultou ifá,
e este orixá lhe disse que, numa segunda tentativa,
ela daria a luz a um filho lindíssimo, tão formoso quanto o arco-íris.
No entanto, preveniu-a sobre o fato que a criança jamais ficaria a seu lado.
Seu sonho parecia realizado até o momento do parto,
quando deu a luz a um estranho ser que recebeu o nome de oxumaré.
Durante seis meses a criatura tomava a forma de arco-íris,
cuja função era levar a água para o castelo de oxalá,
que morava em orun ( no céu ). Depois de cumprida a tarefa,
ele voltava a terra por outro seis meses, assumindo a forma de uma cobra.
Com essa aparência, ao morder a própria cauda,
dando a volta em torno da terra, ele teria gerado o movimento de rotação,
bem como o transito dos astros no espaço.
É um orixá que representa polaridades contrarias,
como o masculino e o feminino, o bem e o mal, a chuva e o tempo bom,
o dia e a noite, respectivamente, através das formas do arco-íris e serpente.
Africanas Raízes - Lenda Obaluayê Africanas Raízes - Lenda Obaluayê
OBALUAYÊ
Nanã era considerada a deusa mais guerreira de daomé.
Um dia, ela foi conquistar o reino de oxalá e se apaixonou por ele.
Mas este não queria se envolver com outra orixá que não
fosse sua amada esposa yemanjá. Por isso, explicou tudo a nanã,
mas ela não se fez de rogada.
Sabendo que oxalá adorava vinho de palma, embriagou-o.
Ele ficou tão bêbado que se deixou seduzir por nanã,
que acabou ficando grávida. Mas por ter transgredido
uma lei da natureza, deu a luz a um menino horrível,
não suportando vê-lo, lanço-o no rio.
A criatura foi mordida por caranguejos, ficando toda deformada.
Por sua terrível aparência, passou a viver longe dos outros orixás.
De tempos em tempos os orixás se reuniam para uma festa.
Todos dançavam, menos obaluaiyê, que ficava espreitando da porta,
com vergonha de sua feiura. Ogum percebeu o que acontecia e,
com pena, resolveu ajudá-lo,
trançando uma roupa de mariwo - uma espécie de fibra de palmeira -
que lhe cobriu todo o corpo.
Com este traje ele voltou a festa e despertou a curiosidade de todos,
que queriam saber quem era o orixá misterioso.
Yansã, a mais curiosa de todas, aproximou-se, e neste momento,
formou-se um turbilhão e o vento levantou a palha,
revelando um rapaz muito bonito.
Desde então os dois orixás vivem juntos,
e os dois passaram a reinar sobre os mortos.
Africanas Raízes - Lenda Ibeji Africanas Raízes - Lenda Ibeji
IBEJI
Existiam num reino dois pequenos príncipes gêmeos
que traziam sorte a todos.
Os problemas mais difíceis eram resolvidos por eles;
em troca, pediam doces balas e brinquedos.
Esses meninos faziam muitas traquinagens e, um dia,
brincando próximos a uma cachoeira,
um deles caiu no rio e morreu afogado.
Todos do reino ficaram muito tristes pela morte do príncipe.
O gêmeo que sobreviveu não tinha mais vontade de comer
e vivia chorando de saudades do seu irmão,
pedia sempre a orumilá que o levasse para perto do irmão.
Sensibilizado pelo pedido,
orumilá resolveu levá-lo para se encontrar com o irmão no céu,
deixando na terra duas imagens de barro. Desde então,
todos que precisam de ajuda deixam oferendas
aos pés dessas imagens para ter seus pedidos atendidos.


Africanas Raízes - Yansan (Matamba) - Lendas Africanas Raízes - Yansan (Matamba) - Lendas

LENDA DE YANSAN
Conta umas das lendas de Iansã,
a primeira esposa de SÀNGÓ, teria ido,
a seu mandato, a um reino vizinho buscar
3 cabaças que estava com Obalúayé.
Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças,
as quais ela deveria trazer de volta a SÀNGÓ.
Iansã foi e lá Obalúayè recomendou mais uma vez
que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e,
se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora.
Iansã ia muito apressada e não aguentava
mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou
a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obalúayé.
Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para o céus.
Quando terminaram os ventos,
Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça.
Da segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e gritou:
Reiiii! Na vez da terceira cabaça SÀNGÓ chegou e pegou para si,
que era a cabaça do fogo, dos raios.
Ela tinha um temperamento ardente e impetuoso.
Foi a única entre as mulheres de SÀNGÓ que ,
no fim do seu reinado,
o seguiu em sua fuga para Tapá. Quando ele recolheu-se
para baixo da terra em Cosso, ela fez o mesmo em Yiá.
Africanas Raízes - Oxum - Lendas Africanas Raízes - Oxum - Lendas

LENDA DE OXUM
Em um belo dia,
Sàngó que passava pelas propriedades de Èsù,
avistou aquela linda donzela que penteava
seus lindos cabelos a margem de um rio e de pronto agrado,
foi declarar sua grande admiração para com Òsùn.
Foi-se a tal ponto que Sàngó,
viu-se completamente apaixonado por aquela linda mulher,
e perguntou se não gostaria de morar
em sua companhia em seu lindo castelo na cidade de Oyó .
Òsùn rejeitou o convite,
pois lhe fazia muito bem a companhia de Èsù.
Sàngó então irado e contradito,
sequestrou Òsùn e levou-a em sua companhia,
aprisionando-a na masmorra de seu castelo.
Èsù, logo de imediato sentiu
a falta de sua companheira e saiu a procurar,
por todas as regiões, pelos quatro cantos do mundo
sua doce pupila de anos de convivência.
Chegando nas terras de Sàngó, Èsù foi surpreendido por um canto
triste e melancólico que vinha da direção do palácio do Rei de Oyó,
da mais alta torre. Lá estava Òsùn,
triste e a chorar por sua prisão e permanencia na cidade do Rei.
Èsù, esperto e matreiro, procurou a ajuda de Òrùnmílá,
que de pronto agrado lhe sedeu uma poção de transformação
para Òsùn desvencilhar-se dos dominíos de Sàngó.
Èsù, atravez da magia pode fazer
chegar as mãos de sua companheira a tal poção.
Òsùn tomou de um só gole a poção mágica e transformou-se
em uma linda pomba dourada,
que voôu e pode então retornar a casa de Esù.
Africanas Raízes - Oxossi (Kabila) - Lendas Africanas Raízes - Oxossi (Kabila) - Lendas

LENDA DE OXOSSE (KABILA)
Diz uma das lendas que certo
dia Osóssi chegou a sua aldeia,
quase arriando pelo peso da capanga,
das cabaças vazias e pelo cansaço de rastrear a caça rara.
Osún, sua mulher e mãe de seu filho, olhou para ele e pensou:
''só caçou desgraça". Pois a desgraça para Osóssi foi prevista por Ifá,
que ele alertou Osún. Porém,
quando ela contou a Osóssi sobre essa previsão,
ele disse que a desgraça era a fome,
a mulher sem leite e a criança sem carinho.
E que desgraça maior era o medo do homem.
Quando Osóssi se aproximou de Osún,
ela notou que ele trazia algo na capanga,
sentiu medo e alegria. Havia caça na capanga do marido
e ela imaginou se seria um bicho de pelo ou de pena.
Ansiosa, perguntou a ele, que respondeu:
"Trago a carne que rasteja na terra e na água, na mata e no rio,
o bicho que se enrosca em si mesmo''.
Falando isto retirou da capanga os pedaços de uma grande Dan (cobra).
O bicho revirava a cabeça e os olhos,
agitava a língua partida e cantava triste: "Não sou bicho de
pena para Osóssi matar".
A grande Dan pertencia a Sàngó e Osóssi não poderia matá-la.
Osún fugiu temendo a vingança de Sàngó, indo até Ifá que disse:
"A justiça será feita, assim o corpo de Osóssi irá desaparecer,
desaparecerá da memória de Ossunmaré
e a quizila desaparecerá da vingança de Sàngó".
Africanas Raízes - Yemanjá - Lendas Africanas Raízes - Yemanjá - Lendas

LENDA DE IEMAJÁ
Yemanjá, conta uma das lendas,
era "casada pela primeira vez com Orunmilá,
senhor das adivinhações,
depois com Olofin, rei de Ifé", cansada de sua permanência em Ifé,
fugiu em direção ao oeste. Outrora,
Olokun lhe havia dado, por medida de precaução,
uma garrafa contendo um preparo, pois não se sabia
o que poderia acontecer amanhã,
com a recomendação de quebrá-lo
no chão em caso de extremo perigo.
E assim Yemanjá foi instalar-se no entardecer da terra oeste.
Olofin, Rei de Ifé, lançou seu exército à procura de sua mulher.
Cercada, Yemanjá ao invés de se deixar prender
e ser conduzida de volta a Ifé, quebrou a garrafa,
segundo as instruções recebidas.
O criou-se o rio na mesma hora
levando-a para Okun (o oceano),
lugar de residência de Olokun, seu pai.
Africanas Raízes - Ossaim - Lendas Africanas Raízes - Ossaim - Lendas

LENDA DE OSSAIN
Òrúnmílá dá a Òsanyìn o nome das plantas.
Ifá foi consultado por Òrúnmílá que estava partindo da terra
para o céu e que estava indo apanhar todas as folhas.
Quando Òrúnmílá chegou ao céu Olódùmaré disse,
eis todas as folhas que queria pegar o que fará com elas ?
Òrùnmílá respondeu que iria usá-las, disse que,
iria usá-las para beneficio dos seres humanos da Terra.
Todas as folhas que Òrunmílá estava pegando,
Òrúnmílá carregaria para a Terra.
Quando chegou à pedra Àgbàsaláààrin ayé lòrun
(pedra que se encontra no meio do caminho entre o céu e a terra)
Aí Òrúnmílá encontrou Òsanyìn no caminho.
Perguntou: Òsanyìn onde vai? Òsanyìn disse;
"Vou ao céu, disse ele, vou buscar folhas e remédios".
Òrúnmílá disse, muito bem, disse, que já havia ido buscar folhas no céu,
disse, para benefício dos seres humanos da terra.
Disse, olhe todas essas folhas,
Òsanyìn pode apenas arrebatar todas as folhas.
Ele poderia fazer remédios (feitiços)
com elas porém não conhecia seus nomes.
Foi Òrúnmílá quem deu nome a todas as folhas.
Assim Òrúnmílá nomeou todas as folhas naquele dia.
Ele disse, você Òsanyìn carrega todas as folhas para a terra,
disse, volte, iremos para terra juntos.
Foi assim que Òrúnmílá entregou todas as folhas
para Òsanyìn naquele dia.
Foi ele quem ensinou a Òsanyìn o nome das folhas apanhadas.
Africanas Raízes - Ayrá - Lendas Africanas Raízes - Ayrá - Lendas

LENDA DE AYRÁ
AYRÁ era um dos servos de confiança de Sango.
OSÀLÚFÓN (ÓÒNÍ DE IFÈ ) fez uma visita as terras
de Oyo onde Sango (Oba de Oyo) reinava.
No caminho de volta Sango se negou a carregar
OSÀLÚFÓN até seus domínios como uma forma de submissão a OSÀLÚFÓN,
então designou tal missão a Ayrá. Este por sua vez
não só ajudou OSÀLÚFÓN como o carregou nas costas até seus domínios.
Ayrá tentou tirar partido da situação intrigando OSÀLÚFÓN contra Sango.
Ayrá tentou convencer OSÀLÚFÓN que Sango fora o único culpado dele OSÀLÚFÓN,
ter passado os sete anos sofrendo maus tratos na prisão de Oyo,
acusado de ser o ladrão dos cavalos de Sango.
Mas, OSÀLÚFÓN não cedeu a seu veneno e perdoou Sango,
que sabedor do acontecido cortou relações com Ayrá pela traição.
OSÀLÚFÓN ficou grato pela submissão de Ayrá e lhe concedeu o título
de seu primeiro ministro, fazendo dele seu mais fiél amigo,
motivo pelo qual AYRÀ come diferente dos SÀNGÓ.
Foi-lhe concedido comer em sua gamela o arroz, a canjica e o mingau de acaçá,
sendo-lhe proibido o dendê e o sal. Por motivo de rivalidade com SÀNGÓ,
não se deve colocá-los juntos na mesma casa nem em cima de pilão.
Sua gamela é oval e seus ornamentos prateados.
Seu assentamento é na gamela oval e não leva pilão.
A fogueira lhe pertence e é acesa pelo lado esquerdo. Dentro da fogueira coloca-se :

- Um tacho de cobre com 12 quiabos;
- Uma pedra, representando o ODUN ARÀ;
- Frutas.


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